sexta-feira, 9 de maio de 2008

15 Maio, Quinta



“Sonho de Uma Noite de Verão” de William Shakespeare
TUP – Teatro Universitário do Porto; U.P.
encenação de Rosa Quiroga
dia 15 Maio, Quinta-feira



Sinopse:
Prestes estão as bodas de Teseu e Hipólita, mas nem tudo vai bem na corte de Atenas: Hérmia recusa ceder ao pulso do pai e planeia a fuga com o seu bem-amado Lisandro; Demétrio, o noivo preterido, segue no seu encalço perseguido por Helena, que o ama apesar de sofrer persistentemente o seu desdém. Quando todos se perdem na floresta, os fulgores da desobediência, do amor e do ciúme ficam à mercê dos arrufos de Titânia e Oberon, reis das fadas desavindos. Os seus caprichos mandam, desmandam, dão o compasso ao latejar nocturno da floresta e reordenam a vida à superfície.

Ficha técnica:
de: William Shakespeare
Tradução: Cândida Zamith
Encenação: Rosa Quiroga
Cenografia e figurinos: Carla Capela e Emanuel Santos
Desenho de Luz: Nuno Meira
Assistência de encenação: Diana Meireles
Apoio dramatúrgico: Constança Carvalho Homem
Apoio de movimento: Sónia Cunha
Banda sonora: Constança Carvalho Homem
Montagem técnica: Eduardo Brandão
Operação de Luz e Som: Rui Almeida
Interpretação: Amana Duarte, Bárbara Sá, Bruno Dias, Carla Capela, Daniel Viana, Emanuel Santos, Joana Martinho, Nuno Campos, Marco Barbosa, Sara Montalvão, Tiago Vouga
Produção: Inês Gregório e Constança Carvalho Homem

(TUP – Espaço e todo o tipo de meios por si próprio fornecidos; auto-suficiente.)

O processo:
A direcção do TUP - Teatro Universitário do Porto entendou que era necessário e urgente um regresso aos clássicos da dramaturgia europeia no seu repertório. No ano em que comemora 60 anos de existência, muitos dos quais pautados por uma assinalável vertente experimental, o TUP quis fazer culminar os quatro meses de formação do Curso de Iniciação ao Teatro com um exercício final a partir de Shakespeare. O convite para encenar foi endereçado a Rosa Quiroga, actriz e encenadora, também ela fruto de uma formação inicial nas nossas tábuas; a ideia de levar à cena O Sonho de uma Noite de Verão foi maturada em conjunto e representa a vontade clara de revisitarmos um texto incontornável e ao qual reconhecemos grande potencial pedagógico. A revisitação é dupla - a Rosa foi intérprete no espectáculo homónimo que Os Comediantes fizeram em 1988; o TUP, por sua vez, intentou uma produção que no último minuto, não se sabe bem por que desavença, não chegou a mostrar-se ao público. O espectáculo cresce, então, com um lastro de memória. De início, pensamos conceber o Sonho... como releitura do original, criando laços de identidade entre a esfera da floresta e seus elfos e os circuitos subterrâneos das mafias da cidade. Imaginámos que a entrada da floresta podia ser o umbral de um qualquer bar de segunda categoria e, até certo ponto, queríamos sublinhar o lado mais furtivo das forças que movem a acção. No entanto, ao longo das aulas de Práticas Teatrais fomos sensíveis ao tipo de trabalho de que o grupo tendencialmente se aproximava e à manifestação de um certo desejo por uma história bem contada. Prescindimos, por isso, do nosso cunho em matéria de actualização e deixámos que a peça respirasse por si.
A ênfase do trabalho que fomos desenvolvendo foi posta na apropriação do texto em todas as suas camadas e em todas as imagens que convoca. Cientes do "açúcar complexo" que tínhamos em mãos, não queríamos que fosse abafado por um excesso de elementos amplificadores, pelo contrário; queríamos, sim, que o espectáculo resultante primasse pela simplicidade. Interessava-nos um certa auto-suficiência da dicção e da arquitectura da peça. Os rudimentos de teatro que foram transmitidos ao nosso mais jovem elenco serviram sobretudo para sublinhar dois aspectos que estão em estreita relação: o primeiro prende-se com a possibilidade de trabalhar o teatro enquanto convenção sem que ele contrarie os ritmos do quotidiano, dos ciclos, das coisas sensíveis; o segundo prende-se com o desejo de estabelecer um linha de continuidade entre a arte e a vida.
Constança Carvalho Homem


Nota biográficas

Rosa Quiroga
Nasceu em Caracas, Venezula, em 1957. Iniciou a sua carreira no Teatro Universitário do Porto e profissionalizou-se no Teatro Experimental do Porto durante a década de oitenta. Foi sócia-fundadora de Os Comediantes e integrou também o elenco de espectáculos do TEAR e da Seiva Trupe. Fundadora, directora de produção e actriz da ASSéDIO - Associação de Ideias Obscuras, em actividade desde 1995, Rosa Quiroga trabalha também frequentemente com jovens, junto de escolas ou por intermédio de organismos culturais. Encenou, com João Cardoso, Billy e Christine, de Jennifer Johnston, Cinzas às Cinzas, de Harold Pinter e Produto, de Mark Ravenhill. Dirigiu também Rum e Vodka, de Connor Mcpherson.

William Shakespeare
(1554-1616)
Poeta e dramaturgo inglês, porventura o mais influente, citado e celebrado da Língua Inglesa e do teatro ocidental, Shakespeare alcançou a notoriedade durante o reinado de Isabel I. Da sua obra, chegaram até nós 38 peças, 154 sonetos, dois poemas longos e outras composições. O cerne da sua produção data do período entre 1590 e 1613 e compreende a tragédia, a comédia e o drama histórico, bem como peças de difícil categorização. A sua carreira de dramaturgo e empresário surge inequivocamente associada à cidade de Londres e, desde 1594, à trupe The Lord Chamberlain's Men, posteriormente designada como King's Men. Merecem destaque peças como Otelo, Hamlet, O Rei Lear, Romeu e Julieta, A tempestade, Noite de Reis, O Sonho de uma Noite de Verão ou Ricardo III, entre outras.


Sobre o teatro universitário hoje:
O teatro universitário hoje deve dar continuidade àquela que sempre foi a sua vocação - a de ser uma importantíssima escola paralela. No decurso da vida universitária, numa fase em que a tónica é a aquisição de saberes e competências para a vida, o formação do indivíduo pela arte é frequentemente secundarizada. Acontece que cada vez menos somos apenas uma coisa, uma profissão, uma unidade, e deve haver espaço para que possamos dedicadamente abraçar outra actividade, que, apesar de não ser a principal nem rentável, nos permite uma realização outra. O teatro universitário serve precisamente para dar vazão à curiosidade e a uma certa necessidade de experimentação, ao mesmo tempo que existe enquanto forma de encontro entre as pessoas e lhes permite trabalhar um esforço que se deseja menos intelectual, um esforço de sentimento e intimidade. É um teatro amador, não se pretende que deixe de o ser, mas feito a sério, exigente. E é muito bom que exista.
Rosa Quiroga


Historial do TUP
O TUP - Teatro Universitário do Porto foi criado em 1948 por um grupo de estudantes da Universidade sob a direcção de um professor da Faculdade de Medicina, o Doutor Hernâni Monteiro.Pelo seu carácter não profissional e universitário, o TUP voltou-se para a experimentação, tornando-se um veículo privilegiado de cultura dramática. Realizando encenações colectivas e apresentando textos inéditos em Portugal, participou em diferentes festivais nacionais e internacionais, sendo reconhecido pelo seu inegável contributo para o nascimento do teatro independente no Porto. Hoje, o TUP continua a apostar na sua vertente formativa. Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, promove a cada dois anos o Curso de Iniciação ao Teatro, bem como workshops nas áreas do teatro, da performance e da dança.